Lenta vacinação de tripulantes de navios de carga ameaça comércio global

A lentidão no processo de vacinação dos marítimos pode prejudicar o abastecimento das cadeias de suprimentos globais. O alarme foi dado pela indústria naval que continua enfrentando dificuldade em alguns portos com restrição ao acesso de tripulantes de países em desenvolvimento, maior parcela dessa mão de obra, e que ainda não conseguiram vacinar sua população.
O atraso nessa imunização aumenta o risco de surtos em alto mar e pode ocasionar gargalos na distribuição e entrega de mercadorias. Com isso, a recuperação econômica entraria em processo de desaceleração, considerando que grandes potências como Estados Unidos e países da Europa já estão montando estoque para o Natal.
A preocupação da categoria é com o surgimento e o alto poder de propagação da nova cepa delta. Um caso que chamou atenção aconteceu em maio, quando um marinheiro morreu de covid-19 e dezenas de funcionários de um hospital na Indonésia foram contaminados, depois que um navio com tripulação filipina infectada ancorou. Enquanto os riscos aumentam, a demanda por produtos não diminui e a troca de tripulação não acontece com rapidez suficiente para acompanhar esse crescimento.
 
Limitações
Não há uma organização ou empresa que contabilize e acompanhe a quantidade de marítimos vacinados em diversas empresas, navios e portos ao redor do mundo. Apesar dos esforços dos Estados Unidos para imunizar esses trabalhadores, a maioria depende de seu país de origem para vacinação e cerca de 1,6 milhão desse público provém de países em desenvolvimento, como Índia, Filipinas ou Indonésia, que estão atrasados nas campanhas de vacinação.
A Câmara Internacional de Navegação estima que apenas de 35 a 40 mil trabalhadores marítimos – ou apenas 2,5% do total global – estejam vacinados. No entanto, mais de 23 mil profissionais deste segmento foram vacinados nos EUA, com a ajuda de várias instituições de caridade e a Cosco Shipping Holdings da China disse no mês passado que todos os marítimos que estão em terra e podem ser vacinados foram imunizados.
 
Fonte: Sopesp – O Globo