Apenas 27% dos casos de tripulações abandonadas no mundo foram resolvidos

De acordo com as informações obtidas através de um banco de dados do setor marítimo, nos últimos anos foram registrados 272 casos de abandono de embarcações e tripulantes em todo mundo. Apenas 74 ocorrências foram encerradas, enquanto outras 90 ainda aguardam solução. As demais situações encontram-se em disputa por uma ou mais partes envolvidas, ou em estado “inativo”. Alguns casos permanecem abertos, mesmo após a repatriação dos tripulantes, por questões jurídicas e, até mesmo, por salários em atraso.

A pandemia foi umas das principais responsáveis por esses números, isso porque os índices bateram recorde em 2020 e seguiram essa tendência em 2021. Segundo a Organização Marítima Internacional, que mantém o banco de dados com a Organização Internacional do Trabalho, até o abril foram 120 registros, 35 só este ano.

Para que seja confirmado o estado de abandono, os tripulantes precisam estar há pelo menos dois meses sem receber salários, não ter as despesas de repatriação pagas pelos armadores, ou ainda quando não há manutenção e apoio aos marítimos. Só no ano passado a ITF recuperou cerca de US $ 45 milhões em salários devidos.

Outra questão que contribui para o agravamento do quadro é o fato de que os Estados de bandeira não estão arcando com suas responsabilidades. A legislação marítima diz que é preciso ter um sistema de segurança financeira para auxílio à tripulação em casos como estes. Sendo assim, quando o Estado de bandeira deixa de repatriar seus marítimos, a responsabilidade passa para o Estado do Porto.

Entre os casos não resolvidos, o Panamá tem o maior registro por tonelagem, são 17 embarcações em estado de abandono.

A organização de caridade que luta pelos direitos dos marítimos publicou uma nota informativa para aumentar a conscientização internacional sobre esta questão em particular e também emitiu um documento com diretrizes legais e práticas para os marítimos que enfrentam o abandono.